Antes de ser possível capturar as belezas do mundo em uma foto com apenas um clique, artistas e ilustradores encaravam o desafio de registrar tudo em seus cadernos e telas com artes feitas à mão!
Com as plantas, a situação não era diferente.
Reis e nobres contratavam artistas para eternizar plantas e flores de seus luxuosos jardins, enquanto outros embarcavam em épicas aventuras ao redor do mundo para descobrir espécies raras e exóticas.
Esses desenhos ilustravam livros que eram usados por estudiosos, cientistas e até médicos. Hoje, esses registros são uma fonte e tanto de inspiração para qualquer um que se permita encantar pelo universo botânico. Separamos aqui três artistas com trabalhos incríveis que você precisa conhecer. Vamos lá?
1 – George Dionysius Ehret
Já imaginou partir em um mochilão à pé pela Europa só para poder descobrir e desenhar novas plantas? Foi exatamente isso que Dionysius fez. Desde criança seu pai, jardineiro, e também desenhista, o ensinava sobre as plantas e desenho, inspirando-o a explorar as belezas da botânica.
Ehret percebeu que seu jardim tinha se tornado pequeno, e por isso, resolveu sair para uma viagem pela Europa. Ele partiu da Alemanha, onde nasceu, e percorreu a pé alguns países como Holanda e a Inglaterra. Acompanhado de seus sketchbooks ele desenhava não só para registrar, mas também para pensar e aprender sobre as plantas. Cada parte delas era estudada meticulosamente, por isso seus desenhos são cheios de anotações.
Seu olhar atento e curioso fez dele um dos mais conhecidos artistas botânicos do seu tempo. Suas obras ilustraram vários livros e hoje estão no Museu de História Natural de Londres e no Jardim Real em Kew.
2 – Alexander Marshal
Diferente de Dionysius, Marshal não estava preocupado com o rigor científico na hora de desenhar.
Ele apenas queria registrar o prazer e as descobertas que tinha quando estava em um jardim. Com o passar do tempo, se tornou amigo de grandes colecionadores, e assim passou a ter acesso à espécies raras de plantas e insetos. O artista acreditava que só dava para realmente conhecer uma planta se você acompanhasse todo o seu ciclo de vida.
Em seus desenhos, Marshal misturava plantas que faziam parte da mesma estação, como se estivesse registrando uma faixa do tempo.
Além disso, tem uma série de obras que juntam plantas e animais.
Para Marshal, a proporção entre esses elementos não importava tanto, o que na época poderia ser absurdo, mas que torna seu trabalho ainda mais especial. Persistente, ele levou cerca de 30 anos trabalhando em seu próprio livro! Hoje suas produções estão expostas na Biblioteca Real no Castelo de Windsor na Inglaterra.
3 – Chen Shu
Usando vários estilos de pintura de grandes mestres chineses, a artista conseguiu romper os moldes da sociedade chinesa antiga e ser a primeira pintora reconhecida da dinastia Qing – um feito e tanto para a época!
Depois da morte do seu marido, Chen Shu criou sozinha o seu filho. Mais tarde, ele se tornaria um poeta e importante membro do estado, tendo a chance de apresentar o trabalho de sua mãe para o imperador, que ficara maravilhado com a sensibilidade da pintora.
As obras de Chen Shu foram parar então na coleção imperial e hoje estão no Museu do Palácio em Pequim.
Se a arte botânica era uma forma de registrar e traduzir a essência das plantas, Chen Shu conseguiu isso com louvor.
A intensidade dos seus traços e os movimentos que criava com o pincel, característicos da pintura chinesa, enchiam de vida suas obras apenas com tinta nanquim. Mas não para por aí! sua habilidade com o uso de cores e de composição também era memorável.
Agora é só se deixar levar pelo espírito explorador desses artistas e partir para as suas próprias descobertas. Que tal começar desenhando e estudando as plantas que tem aí na sua casa, ou nas ruas ao redor?
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